DP: Seus diálogos são bem soltos.
DP: Sim.
DP: Sim.
DP: Fiquei confuso em alguns momentos, sem saber quem estava falando.
DP: Sim, é isso.
DP: Sim, é isso.
DP: É isso?
DP: Sim, é isso. Eu poderia citar aqui alguns autores que me ajudaram nessa escolha. Mas eu vou falar apenas sobre uma obra chamada “A estrada”, escrita pelo Cormac Mccarthy. Vou resumir bem a história: temos um pai e seu filho, num mundo pós-catástrofe e eles estão vagando nesse cenário sombrio e chuvoso e nevado. Então os diálogos estão ali (Você diria que soltos) e por vezes é preciso voltar para saber quem está falando e mesmo assim nem sempre eu sei se é o pai ou o filho.
DP: Imagino que você vá explicar.
DP: Sim, eu não terminei. Não saber quem diz nos abre a possibilidade de perceber que poderia ter sido qualquer um dos dois. Eles já estão há tanto tempo nesse mundo (Mais de ano) e são tão dependentes um do outro que qualquer um dos dois poderia ter dito o que disse. Nós, enquanto leitores, podemos escolher e imaginar. Você termina o livro e sofre tanto durante o caminho. E o fato de não ter certeza sobre quem fala é parte disso. O tom da obra está também nesse detalhe.
"Trecho da entrevista concedida pelo escritor Dan Poletti ao escritor Dan Poletti".