O filósofo Thomas Nagel, em seu ensaio “Como é ser um morcego? [1974]”, afirma que nunca saberemos.
“Até onde eu consigo imaginar (e não vai muito longe), isso só me diz como seria me comportar como se comporta um morcego. Mas a questão não é essa. Quero saber como é ser um morcego para um morcego”.
Entretanto, há outra pergunta que atormentaria o pobre Nagel: Como é ser um romancista?
A resposta imaginária de Nagel, para a pergunta que ele poderia ter feito, imagino eu, seria algo “Até onde eu consigo imaginar (e não vai muito longe), isso só me diz como seria me comportar como se comporta um romancista. Mas a questão não é essa. Quero saber como é ser um romancista para um romancista”.
George Elliot, que só recentemente descobri ser o pseudônimo de uma romancista inglesa de nome Mary Ann Evans, viajou no tempo para ajudar Nagel a encontrar uma resposta. Em seu ensaio sobre o realismo alemão [1856], Mary Ann “George Elliot” Evans sacramentou que “o maior benefício que devemos ao artista, seja pintor, poeta ou romancista, é o desenvolvimento da nossa empatia [...] A arte é a coisa mais próxima da vida; é um modo de aumentar a experiência e ampliar nosso contato com os semelhantes para além de nosso destino pessoal”.
O filósofo Thomas Nagel nunca saberá como é ser um morcego. A romancista Mary Elliot sim. E nós, leitores, também.