DP: Você é um autor solitário. Escreve pensando em si como leitor final? DP: Se pensasse, não publicaria. Podemos especular que Kafka escrevia para si. Bem, ao menos se pensarmos nos livros que foram publicados postumamente, contrariando um pedido do próprio Kafka de que se queimassem todos os seus manuscritos, cartas, diários. DP: Você é um autor solitário? DP: Ah, era uma pergunta? Pensei que fosse um julgamento. E sendo afirmação, você pode pensar o que quiser e tanto faz. Agora, se quer minha opinião sobre eu ser esse “autor solitário”, sou sim. Entretanto isso é uma meia verdade. Diria que sou um escritor solitário. O ato de escrever, e que não tomem isso como lição, requer deslocamento. Você estará sozinho neste espaço vazio, inevitavelmente. Um pintor e sua tela em branco. Uma fotógrafa e seu cartão de memória vazio. A outra metade da verdade é que sou multidão. Posso, no ato de escrever, encontrar tantas e infinitas possibilidades que seria uma injustiça di...
é escritor. O resto se pode imaginar.